setembro 28, 2006

manifesto

Os tempos são convulsivos: o excesso; a esquizofrenia – o movimento fragmentário. Há camadas sobre camadas: hipercamadas. Fluído dos tempos pós/hiper modernos – efêmeros discursos desesperados e cortes: a hiperpoesia.

setembro 27, 2006

I

o cigarro queima
intocado
enquanto a melodia
precipita para o fim

se sabes que te quero
e bem sabes
escute atentamente
o ritmo dos segundos
pingando
e me abrace entre a fumaça

II

o isqueiro prateado
brinca por entre
os meu dedos
até que
estabanado
o derrubo no chão

ela sorri vitoriosa
e toma mais uma xícara
de café morno

setembro 25, 2006

Terceiro Poema - II

E era Lavínia, embora não soubesse, no mínimo a terceira; e na profusão de tantas línguas (úmidas palavras) todas se confundiam em um lúbrico poema de carne. O escrever era fácil, difícil era convencer Lavínia, a quarta, de que era certo – ou no mínimo plausível – a desconstrução do corpo no orgasmo. Retomando a desconexão das partes, pretendia evitar rimas internas e redividir os pedaços em mais estilhaços de vidros do que de plástico. Mas Lavínia, a quinta, era ninfomaníaca.
& de roubada
o outono passou
alegremente
à absolvição: discussões
encerradas
ao som das folhas

& eu nem lembrava
das estações do ano
(embora fosse primavera
& eu quisesse
tocar seu corpo branco)

embora fosse cedo
ou fosse pouco
ou fosse tudo
eu querer ser lúbrico
com o teu sorriso
(como teu sorriso)

& a poesia seria
exatamente isso
(os sinais não
convencionais
para camuflar a
repetição)

a poesia seria
exatamente
a poesia

um pôr-do-sol
para camuflar o desejo

setembro 18, 2006

fluido da aula de fotojornalismo II

as escadas sucediam-se umas as outras: como as palavras sucedem (ligam) o fluxo aos fluxos das palavras flácidas – ligam o floema à gramatura dos fluxogramas – deixando lírios os píncaros plexos práticos da queda: épicos explícitos e quem dera não houvesse culpa – lesa culpa – da não destreza de não saber sânscrito e em segundos (poucos) substituir os clichês por pixels quadrados feitos de números binários coloridos: ágil, ele trocava em dois cliques as correções paranormais – as antomásias vermelhas – e (l)imitava no lugar um entendimento & uma ligação não usual com as cores (com os cortes) o fim abruptos das cenas para uma tomada no ar, um lago, asa pássaro ferro porra – porra corpos nus corpos nus suados desajustados sucedendo-se uns aos outros & ninguém foi explicitar o direito que tínhamos ou não de usar um público – de usar o público para atestar a nossa prematura eficiência quando o não garrar dos prefixos de negação cruéis das lilases de abril & das gravanhas (das flores; das repetições) de sempre: até ficar diferente – copiar até ficar meu & falar mais uma vez dos degraus e das orquídeas como sinais de pontuação: pautar as barreiras as críticas as invasões os choques de vocábulos (pássaro de asa férrica - ferina) objetivas feéricas imprensadas igualmente de magia e todos os seiscentos milímetros das teclas das cordas dos vinte e quatro milímetros das grandes angulares & dos banhos de luzes, pontos por polegadas, picas – as fotos as fotos (as imagens como palavras; as palavras como imagens) – as fotos: a poesia sem fim do fluxo sucedendo uma às outras as escadas

setembro 14, 2006

Terceiro Poema - I

E os lábios sorriram aos fonemas sussurados: Lavínia. Lavínia: a língua - tua - na língua - minha - lambendo as línguas úmidas - línguas.

setembro 03, 2006

republicando: pós neo mundo (2005)

e assim nós nos criamos
derradeiro rebanho pós-moderno
perdido desparadeiro
caos caótico fluxo:
informações transformações transmutações
velhos labirintos vanguardistas:
:cubosurrealfutudadá: ismo:
adeus, duchamps tristans
dális picassos bretons
adeus!
adeus, mários oswaldos
andrades bandeiras pessoas
pounds cummings maiakóviskis
adeus!

clonesovelhaszumbisservosrôbos
alienadas máquinas formigas da hipermodernidade
cegas formigas na bosta da hipermodernidade
trem-bala-computador-supersônico-cem-metros-rasos e ainda falta tempo
para assobiar por aí melodias de cimento e concreto
& nas margens de uma página branca pintar brincar com letras
adeus, campos e espaços
augustos ferreiras hélios décios haroldos
cacasos chacais anas torquatos leminskis
adeus, caetanos
adeus!

tímpanos estouram rock barulho música
rock rasgado largado estragado
cagado
baterias antiaéreas guitarras distorcões
rock drogas sexo: retrosaudadesnostalgia:
ídolos mortos vencidos delírios
sonhos não há mais sonhos
não há mais sonhos para
sonhar
adeus, cobains dylans, adeus!
adeus, presleys jaggers berrys
pauls johns lewis davies
adeus, iggys zappas lees reeds
rottens strummers baptistas
adeus!

adeus, punks mods pscicodelias
pós-punks alternativos
poparts bananas warhols
atomicidades de maracatus
adeus!
institulionalização da revolução:
raiva de grife nas vitrines
resistência istali revolutions playboys
playmobilies mídia televisão
briga intriga bunda sexo futebol novela
na hipermodernidade:
a merda da

adeus, eletroacústicas e dodecafonias
erudições transgrições atonalizações
dissonâncias populares brasileiras: bossa
samba lundu chorinho jazz
adeus, joãos antônios fransciscos
perdidos entre desomenagens banaliregravações
mixagens & eletroD(J)estruições
adeus, noéis cartolas caldas
estrelas pelas telhas de zinco
adeus!

rouba pouca qual louca tonta história
sentado encaro por muito tempo o tempo do tempo
muito sentado tempo
circunpoeta de informação ilha de ignorância sou
desmontando discursos no fluxo sons & imagens & palavras antidesconexas
um dia forte
um dia foste
o mar
o meu mar
eis o sertão:
já não sou mais mar

nadam agora neoconservadores liberais do transvanguardismo
alusão a ilusão de que nos farão esquecer com um só adeus
as coisas que todas não podemos esquecer

nadam agora prostitutas da baixaria cultural pobres putas tristes:
nada saber já que tudo não se pode saber e deus cobra caro a salvação

o sol se põe
mais um dia hiper da velozmodernidade três segundos de ar
vivo ao inverso reverso reduzo velocidade quase pára a música
desligo a energia & desfruto por alguns instantes minha pré-história:
crio palavras vivas que criam seus próprios ídolos mortos
enquanto descanso meu lapso intervalo do pós neo mundo: póstudo

setembro 02, 2006

provas
(com teus agrupamentos
improváveis)
que a consistência das gardênias
nunca foi mais
que um silenciamento
de outras orquestrações abstratas.

quedam por sobre o mundo
sons foscos & pétalas
que nunca existiram.

setembro 01, 2006

Manual Prático de Sobrevivência Poética II

Em determinado momento de sua vida poética,

crie palavras de dentro

              do centro das outras

     palavras & coloque tudo junto

dentro de uma certa lógica de espaçamento

                     
gráfico - grato pelo

                                    
branco.

(rápido! rápido! quanto mais cedo a cagada

                                   
melhor.)

Se não entender de

                 sintagmas

& nem de        paradigmas

jogue as

                    l

            
e                    
t

       
r               
a

                
s           na página

da                      
maneira

                    
(sem   eira!...

                     
nem  beira!...)

  que    

                     
melhor (lhe) couber.

Ou vá amon

       to

      a  n

       do

  letras             iguais

de um jeito pessoalmente - absurdamente

                            
arbritário

                               
larápio

                             
sala

                                
frário.



Rio disso. E nem mais um pio

    visto que em se tratando travando

avacalhando: encalhando na busca pela pára

nomásia (signos-de, signos-para)

malásia - antomásia: artropópodes na po

e(s)i[r]a. Complicando, copilando, copiando

o que disseram H. e A. Campos

                      
bambos de tanta bomba

tom

   ba o tom alguns acidentes bemóis

                  ê

                              
mói os

                     
dentes. Exemplo prático

[rápido, ártico] de como tudo pode acabar

fazendo nenhum sentido - cuidado com isso

[há quem goste]            e tenho

                    d

                   i

                  t  o.