dezembro 29, 2008

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this stupid
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dezembro 27, 2008

Naquela noite Valter pediu pela tela-entrega uma porção grande de yaksoba, quatro rolinhos primavera e duas latas de refrigerante (uma coca-cola e uma fanta laranja). Valter não gostava de descer até a portaria para pegar as entregas, mas essa era uma norma do condomínio e ele gostava menos ainda de sair para comer. Não se sentia mais confortável fora do apartamento de três quartos em que morava sozinho e evitava deixar o prédio. Desceu os três andares pela escada. Embora tivesse começado a usar as escadas há apenas algumas semanas, se sentia um pouco melhor. Antes, quando ainda saía de casa, preferia o elevador, mais para se olhar no espelho do que por preguiça. No apartamento só tinha um espelho de rosto, no banheiro, e não gostava de parar em frente ao espelho do hall. O do elevador era mais discreto. Mas dessa vez, enquanto andava até a portaria, não conseguiu evitar o grande espelho e percebeu que na pressa para buscar a comida pegara uma camiseta suja e uma moradora que estava entrando no prédio pareceu notar quando o cumprimentou com um sorriso. Nunca se importava muito com isso, só que conhecia essa garota e ficou um pouco envergonhado. Ela tinha os cabelos pretos e era muito magra, de um jeito bonito. Morava com os pais em algum dos últimos andares. Mariana ainda esperava o elevador quando Valter voltou. Ele preferiu as escadas. Depois, sentou-se em frente ao computador e começou a arrumar a janta. Além do yaksoba, das duas latas de refrigerante e dos quatro rolinhos primavera, havia na sacola um pacote com o troco, quinze sachês de molho agridoce e um par daqueles palitinhos de madeira que Valter nunca havia decidido se preferia chamar de pauzinho, hashi ou chopstick.

dezembro 12, 2008

No banho U se masturbou até o orgasmo duas vezes, na primeira com o dedo médio, e na segunda com um tubo vazio de m&m's. Depois, ficou deitada pensando em Helena e no fim da espera e em Mariana e no fim da espera e em Camila e no fim da espera e no fim da espera e no fim da espera. U sabia que alguma coisa tinha acontecido logo que saiu do flat alugado da Helena querendo ligar para Mariana para pedir desculpas e só não ligou porque era cedo demais e não queria acordá-la. Também sabia que não devia ligar por saber que não precisava ligar para Mariana para pedir desculpas. U na verdade queria estar com Mariana. Queria estar com alguém. Não tinha a mínima vontade de ficar sozinha, e foi por isso que ligou para Camila (Camila estava sempre acordada) e convidou-a para sair. Ainda não tinha entendido o que acontecera e agradeceu quando a amiga disse que precisava mesmo tomar um café. Foi sentada em um banco de praça esperando Camila com uma ansiedade não-natural e tentando se lembrar de detalhes da noite anterior (Quando encontrara Helena? / O que tinham conversado? / Qual música tocara no momento exato do reencontro?), que U sentiu que algo havia acabado e pela primeira vez se deu conta do fim da espera. E com isso veio um gosto de incompleto somado a um sentimento de incerteza sobre o futuro. U às vezes pensava sobre o futuro, claro, mas não costumava se preocupar com ele como se preocupou àquela hora da manhã, com frio, sentada em uma praça vazia esperando uma menina de quem já nem gostava tanto. Só que a presença dela acalmou U, que se sentiu mais confortável depois de fumar um daqueles cigarros fracos que Camila, que quase nunca fumava, sempre tinha.