julho 23, 2006

I

E que se explodam os singulares,
o que me importaria? Se eu tivesse
de alguma forma marés de palavras
e me invertesse em inamovível
perante a Lua, seria, antes,
uma lavra de desejos a ser consumida.
E o que me importaria se nos
perdêssemos e nos achássemos anos depois,
sôfregos de abraços, se de uma
maneira ou de outra, por um descaminho
inelutável, nos encontraríamos?
Seria doce, como seria, vestir-te de mim.

II

Há uma coisa de instrumental
em certas cercanias que me cobram.
Se te acredito perdida, é por
não tocares este sino que passas as tardes
olhando. Ou porque insistes em dizer
que vais partir, quando sei
que giras ao redor desta galáxia que criaste
para acampar nua e sem palavra nenhuma
deixas bem claro que não dará, nunca,
um passo sequer que te separe
dela. Porque então tentas me enganar?
Ou me pedes que sentado e casto
espere a tua abocanhada fria? Bem sabes
que o frio tem mais influências
sobre nossas marés do que a lua
e que a estrada que persegues é deserta.
Vazia como uma poesia de amor
escrita para nenhuma das musas amadas.
Como se explica esse teu absolutismo?

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