sempre há algum espaço
para deixar entrar ainda
mais poesia nas palavras;
sempre há espaço para que possamos,
depois de tudo acabado,
comer mais um daqueles
verbos conjugados com chocolate
(ou pronomes com trufas?
ou morangos com advérbios?)
só então nos damos conta:
por toda nossa vida,
por toda a nossa salgada vida,
os pratos principais
não foram nada além de aperitivos,
saborosos, sim,
mas apenas preparativos
para a finalização do doce:
os dedos, ansiosos, buscam as
figuras de linguagem com açucar,
que jazem quietinhas na tigela,
enquanto a língua já pensa no
mel da poesia derramado por
sobre as metáforas com sorvete,
versos e cerejas: mais e mais
saborosas as nossas sobremesas.
2 comentários:
gostando com gosto, gosto gosto.
e plurais adocicados.
muitos muitos plurais adocicados.
ah! a tão esperada sobremesa.
deliciosa, como sempre; como quase sempre. aliás, polímeros salgados e tristes não são um bom intervalo; sugiro eternos banquetes para deleite dos poetas, os não-poetas, e as coisas e pessoas em geral.
(com todo respeito aos polímeros e plásticos)
ah, sim! metáforas de sorvete... yammi!
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