fevereiro 02, 2010

Eu tinha um copo de vidro longo com uma flor de plástico vermelha dentro e dentro do copo eu costumava colocar bitucas até que um dia ele encheu, transbordou, e um dia quebrou. Era uma boa imagem, a do copo com os cigarros fumados e a flor vermelha de plástico saindo de dentro do longo cilindro de vidro. Era um copo de suco, acho, que roubei em algum lugar - eu costumava roubas coisas: copos, canecas; tinha uma caneca grande que chamávamos de egoísta porque dentro cabia inteira uma cerveja de garrafa - mas não lembro onde. Uma vez bebi uma garrafa de cerveja em 5.8 segundos. Uma vez bebi dois terços de uma garrafa de vodka em 32 elefantes. Uma vez - tenho cicatrizes para provar.

janeiro 19, 2010

Dentro do fluxo há um outro fluxo
De palavras
Que se estendem contínuas e ninguém pode tocá-las,
ninguém
Nem mesmo quem as criou -- O ponto das palavras é que ninguém as criou Nós não escrevemos
mais Agora, quando escrevemos, falamos
Agora

janeiro 18, 2010

pretending i'm making beats

"Como se houvesse a necessidade - não de uma história -, mas da possibilidade de contá-la como"

janeiro 15, 2010

Isqueiros não caem do céu essa é a triste verdade da vida

Não havia ninguém que pudesse me emprestar fogo no ponto de ônibus

O céu
acima de nossas cabeças
era azul-porém-preto
e eu sabia que a cidade seria inundada
e completamente destruída como haviam sido todas as outras cidades um dia

A cidade nunca foi enterna: não essa cidade; esse cigarro

Só queria fumar um cigarro antes disso:

antes do ônibus
antes que se descobrisse alienada a minha vontade de fumar ai meu deus

Li que obesidade é pior para a saúde do que tabaco
dá para acreditar?

Decidi fumar mais; comer menos / fumar mais para comer menos.

dezembro 17, 2009

Sobre segredinhos

Luís Carlos Borges fez na década de 70 uma conferência secreta na livraria clandestina Zékian, em Paris. Nesse encontro, Borges contou como seu pai não conseguia recordar da juventude. Não existem recordações de imagens, explicou, apenas memórias construidas a partir de outras memórias, nunca da realidade.

Isso me intriga.

Tentei falar com Enrique Vila-Matas outro dia, para perguntar se a livraria Zékian, de porta branca, de fato existiu, ou se ele a inventou.

No Google, não achei nada que não se referisse ao livro Paris não tem fim, de Vila-Matas, ou a um autor chamado Stéphane Zékian, que aparentemente escreve em francês e em alemão e que possuiu o email stephane.zekian@wanadoo.fr.

Wanadoo é um ISP francês e por isso não entrei em contato: não confio em quem não usa Gmail.

O narrador de Vila-Matas vai uma segunda vez até a Zékian, onde riem dele quando fala a senha que deveria falar para entrar e tem um encontro estranho, com pessoas que não conhecia.

Imagino que as pessoas que frequentavam essa livraria clandestina em uma Paris livre fossem estúpidas como as pessoas que aqui frequentam o Bar Secreto; que gostam dessa aura de clandestinidade. A clandestinidade, que traz um sentimento próximo daquele despertado pelo exclusivo.

Embora, até onde sei, esta seja uma São Paulo livre, há esse movimento de secretismo, para falsificar uma aura.

P.S.: assim como Borges esteve na Zékian, pessoas legais podem estar no Secreto nesse exato momento. E isso não muda nada a idiotice de um ou de outro lugar.

dezembro 13, 2009

Em Montevidéu, no mês de Abril de 2007, o irmão mais velho de Helena, Otávio, comprou em um sebo no centro da cidade por apenas dois pesos uma edição em espanhol de Os Cantos de Maldoror. Esse livro foi escrito originalmente em francês por Isidore Lucien Ducasse, um poeta que nasceu no Uruguai em 1846 e morreu em um hotel na França, 24 anos depois.

Ducasse ficou
mais conhecido na história da literatura pelo pseudônimo de Conde de Lautréamont. Pouco mais se sabe sobre ele. Em 1977, encontraram na Espanha uma edição da Ilíada de Homero em que havia uma inscrição afirmando que o livro, no passado, pertencera ao señor Isidoro Ducasse nacido en Montevideo (Uruguay).

Há algumas semanas, Helena encontrou dentro do Cantos de Maldoror um manuscrito, em português, escrito para Eládia, por Enrique, em Buenos Aires. Otávio, que não leu os Cantos todos, nunca havia encontrado o texto. Nada mais se sabe sobre Enrique e Eládia. A versão transcrita abaixo é literal.

Eládia. Eládia. Quanto de ti preciso agora? E porque não posso ter? Porque pequei, bem claro, pequei. Mas e as palavras? As palavras não poderiam explicar. E eu me entregaria ao vórtice, como quis me entregar uma vez; eu me entregaria a queda. E estivéssemos errados. Me entregaria. Agora me chamas diluição, desilusão. Passei o dia pensando em te escrever, o dia todo; mas um certo lirismo me impelia sempre ao esconderijo que há atrás das paredes de minha poesia. Agora, derrubo-as. Sem mais fugas, que as cometi demais na vida.

E me perguntavas: nos apaixonamos por pessoas ou por contextos? E eu respondi “contextos”, que é como pensava. E ainda penso! Mas você, você Eládia, você foi além; e agora vejo que ainda estás aqui. Não adianta me mandar ter com minhas “outras”, ou como se refira a elas, e nem me chamar mais uma vez daquilo tudo que quer chamar (com direto; dou-te à face para o tapa do fracasso). Pequei pelo meu fraco por manipular os outros; sou um poeta mentiroso que passa os dias escrevendo para manipular as pessoas. Só que não você Eládia, não você, que tudo foi natural e perfeito.

Mas agora me gritas “pára!”, se tento explicar que aquilo. E não é o que eu quero, a decisão que não tomei; agora vejo melhor. Vaidade minha. Num momento de dúvida, faço com que ela se apaixone por mim só para alimentar meu ego, meu orgulho ferido. Sonhei penhascos, admito; mas logo retornei à queda, a nossa queda; e foi novamente por vaidade que não aboli o outro, dizes, romance. Ah, que fui diluído, e fiz as cosias novamente da maneira errada. Agora passeio pelas ruas de uma Buenos Aires que apesar de real, é imaginária; sozinho e quieto.

Como será amar em Buenos Aires? Será que ainda poderei saber Eládia? Que não está há paixão para onde me mandou. Um preciosismo barato de querer manipular. Bem claro agora. E não falo mais. Neste momento, não há porque esconder nenhum sentimento que eu posso ter – ou criar. Não espero uma resposta, não precisas me responder. O importante é que eu escreva, e que leias, e que saibas. Saibas que algo em mim me diz que não há como continuar, não agora, não assim. Não há. Quanto te olho Eládia, um simples olhar, sei que não há. De que me adiantaria buscar outros sentimentos se já criamos tudo o que eu precisava?

É preciso que saibas que, de alguma maneira, a vida deve continuar; e que sinto, momento após momento, que ainda te desejo; que ainda te quero mais que a tudo. Sempre impedido pelo lirismo da minha poesia simbólica demais, não disse como deverias ter dito que te desejo. Quando escrevi “como nas quedas orquestradas”, deveria ter logo escrito que estava irremediavelmente apaixonado. Sempre quis que minha poesia fosse um vasto pedaço de tango sobre nada. Por isso agora assumo esse dramaticidade, esse trágico. Por isso me refugio em terras portenhas e imagino como seria amar ao som de Gardel, ou de Piazolla. E falar do amor, falar do amor.

Buenos Aires amanheceu gélida; as janelas todas esbranquiçadas. Saí logo cedo e andei algum tempo pelo Caminito, o vento castigando minha face branca até meus lábios quase sangrarem. O céu, de um azul pálido e solitário, sorria, complacente da minha dor. Juro que tentei fazer o que me mandaste. Claro que não funcionou. Nem funcionará; e eu sei disso apenas por olhar para você caminhando em direção ao seu trabalho (sim, depois de te mostrar aquele livro lindo, fiquei encostado na árvore olhando-te ir).

Agora, enquanto tomo um café sob o olhar cuidadoso de Carlos e melodias improváveis me vêm à cabeça, escrevo essas linhas um guardanapo, tal qual fosse uma letra de música improvisada na hora da composição. Apenas diga, e poderias me fazer largar todo o resto; poderias me fazer pétala por pétala reinventar a flor de uma maneira que só nós entendêssemos. Nós e nossa poesia Eládia; nós, nossa poesia. Ah, essa ternura de louco que há em mim.

Enrique,
Buenos Aires, 8 de julho de 2006

novembro 17, 2009

água filtrada

Às vezes ficava tímido de uma hora para outra
como quando não sabia que ela estaria na frente do seu prédio com um all-star dourado e um carinha alto com um pacote de gelo
i.é. um carinha alto e bonito indo para uma festa com um pacote de gelo
um pacote de gelo e mais um amigo, com outro pacote
todos bonitos e bem vestidos, caminhando pela rua com seus pacotes de gelos e eu queria ter um pacote de gelo para chamar de meu

outubro 30, 2009

Em Paris, Estela se sentiu mal vestida pela primeira vez em anos. A pressa diminuíra as escolhas possíveis e teve que se contentar com um vestido azul pouco acima dos joelhos e com um único laço branco de acessório. Normalmente gostaria dessa combinação, mas deixara a maior parte dos sapatos bons em casa, ou o que era a casa. Tivera que deixar. Foi como se o tempo, ou a ausência de tempo, ou o som de passos, ou um sussurrar leve em que podia sentir a vinda e o fim e toda a tragédia inesgotável que se seguiria àquele encontro, tivessem adiantado sua partida. Estela, enquanto esperou o avião, escreveu sobre Otávio; não para Otávio; Estela nunca escrevera para ninguém. Para as outras pessoas ela apenas desenhava.

outubro 20, 2009

A internet é uma nova oralidade. O fluxo de informação recria as condições de um cultura oral: não há estruturas, produtos, formas.

É interessante que a crise da linguagem escrita (poesia) como forma de arte ocorra no momento em que mais pessoas tem mais contato com a linguagem escrita do que nunca.

O signo escrito se tornou mais cotidiano do que a fala.

O ritmo interno das pessoas também está mais relacionado com a escrita do que com o falado: emails, blogs, twitter são orais, embora escritos.

Os textos se fragmentam naturalmente

há quem versifique sem querer há quem crie novas formas que um dia serão só formas e há novos usos da sintaxe

Somos todos meio concretistas
agora
: o fim do limite da página impressa é o corpo de email. Ou o HTML.

Blogs, em geral & por outro lado, ainda mantém colunas estreitas, se espaçam como um livro. Os escritores de internet escrevem limitados ao espaço do offline. Mas não. O novo texto é maleável como o mundo online. Wide. O novo texto é nada.

Não vivemos mais a continuação do modernismo. Vivemos o início de algo novo. Somos uma proto-cultura.

outubro 16, 2009

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outubro 14, 2009

u-ou

não é que qualquer coisa permitida seja permitida (todas as coisas são permitidas) e nem
que elas todas sejam coisas

uma coisa é uma coisa é uma _____ NÃO LIGO vai fazer ainda tempo que algumas coisas
são

coisas
que eu não consigo mais dizer

agora aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

você fala 'coisa' e isso pode ser tudo pode ser até um verbo ou um adjetivo a gente usa demais a palavra coisa
tanto que tanta coisa que não faz sentido faz

o que todo mundo queria era poder gastar os tubos no que ninguém quer / eu quero / ou: 'como se eu não pudesse'

(não sei se é agora que eu devia citar outras coisas em uma construção sintática [construção
sintática!] de oposição a algumas coisas)

já não posso estender os raciocínios para além de um punhado
de
uou
fins

outubro 13, 2009

Ladies and gentlemans, will we be always floating?

Imagino o fim da Terra como sendo o fim de todas as coisas mas não é.

Há uma cidade na borda de um deserto que se estende por um infinito
branco
que não é exatamente uma Coisa e sim as palavras que imaginamos para elas: imagino o fim das palavras
como sendo o fim da Terra

O ponto final na página de uma última frase escrita por um último escritor em uma cidade fora do tempo
que se estende por um infinito branco que foi o fim de todas as coisas

O problema do sentido é que me incomoda e se as palavras já não dizem nada e é impossível que possamos descrever as novas
coisas
de novas formas
o ponto final da linguagem pode ter sido colocado por Wittgenstein ou Homero antes dele

o problema é que Borges não via problema em repetir as quatro histórias que são todas as histórias

eu não vejo problema em Borges fazer isso até porque Borges o fez com maestria e qualquer reconstrução feita por Borges
me admira
Rimbaud ter dito que inventou novas flores, quando não inventou: tampouco inventei a Cidade ou o Deserto Branco
ou as Flores

a Cidade é sobre a Primeira História. O Deserto Branco, sobre a Segunda & a Terceira. E as Flores são os sinais de pontuação gráfica com que terminaria a Quarta
se me fosse possível criar novos Deuses.

Imagino que esta não seja a primeira civilização que se esgota.

outubro 08, 2009

thishotshit

i don't want this shit to be this shit anymore
i don't want my shit to be your shit anymore / i want my shift back
hate me
fffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffff

setembro 17, 2009

cru, yet

embora não me lembre
de ter ido um dia            há uma janela
onde antes houve            nada
e um riso que se enche / e embora eu não me lembre
de.ter.ido.um.dia
caso o passado seja de fato um *Presente Eletromagnético* em *Alguma Estrela*
é de RIO como metáfora para FLUXO
que foi feita
a luz

setembro 05, 2009

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