outubro 30, 2009

Em Paris, Estela se sentiu mal vestida pela primeira vez em anos. A pressa diminuíra as escolhas possíveis e teve que se contentar com um vestido azul pouco acima dos joelhos e com um único laço branco de acessório. Normalmente gostaria dessa combinação, mas deixara a maior parte dos sapatos bons em casa, ou o que era a casa. Tivera que deixar. Foi como se o tempo, ou a ausência de tempo, ou o som de passos, ou um sussurrar leve em que podia sentir a vinda e o fim e toda a tragédia inesgotável que se seguiria àquele encontro, tivessem adiantado sua partida. Estela, enquanto esperou o avião, escreveu sobre Otávio; não para Otávio; Estela nunca escrevera para ninguém. Para as outras pessoas ela apenas desenhava.

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