Quando Helena sugeriu que U deveria sair agora U não achou que fosse séria a sugestão; não que fosse séria: achou que era uma brincadeira. Não era. Helena queria transar com U e por isso sorrira - ela sabia que o sorriso desencadeava o desejo - mas nunca quis passar o dia com U. De uma maneira mais sádica, usara o mesmo sorriso com Mariana, que ficara de ligar esta tarde. Queria passar o dia com Mariana. Helena havia esquecido Mariana, mas a lembrança de uma espera que não houve em um reencontro mínimo trouxe uma vontade que Helena não achava que fosse capaz de controlar (embora tenha sido e não tenha transado com Mariana). No retorno, Helena quis se entregar para U, mas com Mariana ela queria mais, e era difícil admitir isso. Helena sabia que Mariana, na melhor das hipóteses, ficava com garotas apenas por diversão. U e Helena é que eram singularidades na história de Mariana, não o contrário, e era de certa forma triste para Helena perceber que Mariana não queria mais namorar com ela; perceber que Mariana não estava mais presa no passado. Era melhor para Helena acreditar que Mariana estava, do que dizer para si mesma que ela queria apenas sexo: por isso não transou com Mariana: para evitar a vontade de um algo mais. Mas com U era diferente. A distância do momento em que Helena amou U é imensa agora, só a lembrança de um desejo infantil. Não tem medo de se apaixonar por U - isso poderia acontecer, mas seria o processo em si, um novo processo, e não um retorno a algo que não mais existe (o romance com Mariana). E U, apesar de não ficar apenas com garotas - como Helena - é mais ligada às garotas com quem ficou (o que quer dizer que ela transou com alguns caras mas nada demais). A espera, agora, mais do que nunca, é de Helena.
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