maio 22, 2006

Escrever é tristeza lúbrica,
é chorar palavras por sobre
o ventre da poesia,
beijá-lo, acariciá-lo,
como quem vai
como quem deseja

Escrever é derramar
um pranto pela imperfeição
eterna de todos os nossos
vôos, a desarticulação
intensa de todos os nossos
prazeres,
intensos prazeres
desarticulados

Escrevo, pois tenho
a certeza de que nunca
a terei com certeza
(embora possua,
de todas as maneiras,
o gozos do verbo
e foda com as palavras)
Nunca a terei, poesia,
completamente nua

Escrevo, pois estou nu,
e assim, lívido e exaurido,
apenas deliro sobre
as variações sinfônicas
dos meus problemas
estéticos:

Me exaspera não poder
criar se não orgasmos
fingidos a toda poética
que insisto em plagiar

Me arrefece o preço
baixo que pago pelos meus
pecados, pelas minhas
palágrimas indecentes

Corrói-me o desejo
Corrói-me a transa
Corrói-me o gozo com a poesia

(não obstante, continuo sempre
implorando pelos seus carinhos
lascivos e obscenos carinhos)

Corrói-me, meu caro, o verbo "foder".

6 comentários:

fernanda f. disse...

ah, a poesia. fode conosco todo o tempo, os poetas pervertidos pelas palavras indecentes.

minha preferida.

viniciusdc disse...

Eu venho sentido um tom dramatico cada vez maior, o bebopTANGO vem fazendo efeito na sua mente mirabolante. Piá, vê se entra no msn.

Anônimo disse...

Lacônicos,
Metafóricos,
(cada um e seu vício)

Mas as palavras são sempre - todas elas - decentes.

Anônimo disse...

momento de quem se surpreende.
gostei muito.

Anônimo disse...

porque gosto de ler, li, e achei lindo "quadro I - o mar", deixei outro comentário.
espero que essas palavras não me fodam...
hehehehe.
um beijo.

Anônimo disse...

Really amazing! Useful information. All the best.
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