abril 22, 2006

Quando me apresentei, de joelhos, frente
ao altar do meu sacrifício à Poesia, não pude
compreender muito bem a maneira pela qual
soube que nunca poderia entender as palavras,
mesmo que fosse eu quem as colocasse um sentido;
mesmo que fosse eu quem as trabalhasse, arbritário.

As palavras são todas coisasseresviros, seres palavras-vírus,
manipulando a poesia que chamamos ingenuamente de nossa.
Não criamos os versos, não criamos os poemas, não criamos nada:
apenas deixamos livres para voar os morfemas-passarinhos;
apenas acreditamos que a Língua seja o caminho certo a seguir.

E a jovem poeta, frente as suas incertezas, todas,
disse ao jovem poeta: "Eu não tenho mais palavras".
Respondeu o quem-sabe-um-poeta, tentando fugir das
suas próprias não-certezas: "Elas voltam, elas sempre voltam".

Entretanto, a Nós, não-pessoas, não cabe a pretenção
de ter palavras; não cabe a vontade de mandar no verbo.
Não temos palavras, nunca temos palavras. Nunca. Apenas sonhamos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu nunca tive as palavras.

Anônimo disse...

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