março 27, 2006

curitiba estava aconchegante:
recém-amanhecida, a cidade parecia aconchegante e convidativa:
tudo perfeitamente ao modo do meu mood:
a temperatura mantinha-se relativamente baixa; o céu variava entre o cinza e o branco acinzentado:
nada de azul ou pálidazul ou o laranjadinho do alvorecer: todo nuvens sem sol;
nas ruas úmidas as calçadas molhadas lembravam-se das chuvas recentes:
ocasionas, em sua maioria, pois próximas do ocaso, embora nunca inesperadas,
ao contrário da tempestade do ontem:
lembra eu correndo na chuva? e a garoa pingando na minha alma?:
o dia, entretanto, apresentar-se-ia sem grandes pretensões pluviais, pudesse eu ter lá ficado;
soprava insistente um frio gélido, um vento polar maldito que iniciaria uma lufada triste e violenta que balançaria as árvores e que machucaria as faces das pessoas
& que me deixaria feliz em acordar com essa dor:
imaginava-me andando por muito tempo através das ruas, por muito tempo, até meus olhos lacrimejarem,
meus lábios secarem,
partirem,
sangrarem.

nunca posso ficar em curitiba quando o clima está propício às minhas poucas alegrias.
nunca.
dos últimos dias que fui à cidade este me pareceu o mais perfeito, e não pude ficar mais que um par de horas pelas ruas organizando minha partida.
é claro que, no decorrer dos ontens, tive tempo para ver também as chuvas, assim chamadas, de verão; tempo de sentir o calor deturpando minha imaginação ártica,
minha gélida poética,
que voltava mais ou menos a funcionar quando via as silhuetas, meio destruídas, dos pinheiros encharcadas e empoçadas nas calçadas,
mas perdia-se novamente quando o charme ficava abafado e o terno, por mais que eu quisesse, não mais se fazia necessário.
perdia também meu entendimento do que, agora, e não antes, far-se-á da minha vida:
entendo as escolhas, entendo, mas não posso mudar o fato de que elas fazem com que eu sinta o dito clima necessário para minha existência:
É Vinícius, bem colocado os termos ficariam assim: não menos que uma palheta fender, não mais que um all star sem estrelinha.

Um comentário:

Anônimo disse...

acordar passando frio durante a noite e olhar a garoa fina pela janela é deveras estupendo. ah, curitiba. ah são bento.