dezembro 29, 2008
dezembro 27, 2008
dezembro 12, 2008
No banho U se masturbou até o orgasmo duas vezes, na primeira com o dedo médio, e na segunda com um tubo vazio de m&m's. Depois, ficou deitada pensando em Helena e no fim da espera e em Mariana e no fim da espera e em Camila e no fim da espera e no fim da espera e no fim da espera. U sabia que alguma coisa tinha acontecido logo que saiu do flat alugado da Helena querendo ligar para Mariana para pedir desculpas e só não ligou porque era cedo demais e não queria acordá-la. Também sabia que não devia ligar por saber que não precisava ligar para Mariana para pedir desculpas. U na verdade queria estar com Mariana. Queria estar com alguém. Não tinha a mínima vontade de ficar sozinha, e foi por isso que ligou para Camila (Camila estava sempre acordada) e convidou-a para sair. Ainda não tinha entendido o que acontecera e agradeceu quando a amiga disse que precisava mesmo tomar um café. Foi sentada em um banco de praça esperando Camila com uma ansiedade não-natural e tentando se lembrar de detalhes da noite anterior (Quando encontrara Helena? / O que tinham conversado? / Qual música tocara no momento exato do reencontro?), que U sentiu que algo havia acabado e pela primeira vez se deu conta do fim da espera. E com isso veio um gosto de incompleto somado a um sentimento de incerteza sobre o futuro. U às vezes pensava sobre o futuro, claro, mas não costumava se preocupar com ele como se preocupou àquela hora da manhã, com frio, sentada em uma praça vazia esperando uma menina de quem já nem gostava tanto. Só que a presença dela acalmou U, que se sentiu mais confortável depois de fumar um daqueles cigarros fracos que Camila, que quase nunca fumava, sempre tinha.
novembro 01, 2008
outubro 22, 2008
outubro 21, 2008
coisas que nunca tive:
outubro 05, 2008
outubro 02, 2008
T.D.A.H.
um bonequinho
verde-limão da vivo
com o canto da boca
é tipo aquele chiclete de gosto infinito
só que sem o gosto
setembro 11, 2008
Mariana estava muito bonita naquela tarde, mais do que o costume para uma tarde qualquer de primavera em que não vestia nada de especial somada a cabelos bagunçados. Também estava de ressaca. Sabia que era impossível ficar em casa de ressaca em um domingo com dois irmãos mais novos hiperativos gritando e brigando cada pequena fração do dia, então aceitou o convite de Renan para tomar sorvete (cerveja). Mariana não se lembrava de metade do que tinha feito na noite anterior, mas sabia que não fora exatamente por causa de Helena que tinha bebido tanto, embora tenha sido por causa de Helena – não do jeito que Helena imaginaria que foi se soubesse (se é que já não sabia) que Mariana bebera tanto. Mariana sabia: Helena achava que ela queria voltar a ter um romance com ela, quando só o que ela queria era transar. Não era mais aquela Mariana de 17 anos presa em uma bolha do tempo que faria tudo para dormir abraçada com ela e falar que a amava. Depois que Helena foi embora para a Europa, Mariana nunca pensou realmente em como seria o retorno. Quer dizer, no começo sim, nos primeiros dias, mas então começaram as aulas da faculdade e entre as pessoas da sua turma ela encontrou U. Por alguns meses Mariana achou que estava apaixonada por U, até mesmo chegou perto de se declarar. Elas faziam sexo, às vezes, mas Mariana, embora já não pensasse em Helena, sentia falta daquela segurança. U não podia lhe dar isso, e ela também logo deixou de querer. Imersa em um novo universo, absorveu tendências e conceitos até que se aproximou tanto da personalidade hedonista de U que U passou a se parecer um pouco com Mariana. Helena, porém, agora que voltou, enxerga Mariana presa na bolha de 2003, junto com a Invasão do Iraque, o segundo álbum do Strokes e a novela Mulheres Apaixonadas. Ela soube, claro, que U, sua grande amiga de infância, estava estudando com Mariana, sua grande amiga da adolescência, mas nunca, antes de voltar, pôde entender o que surgiria desse encontro. E ainda não entendeu. U é que, nessa situação, pôde se deliciar com as histórias que Mariana contava sobre Helena. O primeiro beijo que U deu em uma garota foi nela, quando tinham doze anos. Helena se sentiu muito mal na época, e pelos próximos dois anos que estudaram juntas U guardou para si a inveja que sentia dos meninos que ficavam com sua amiga. E então, quando nem pensava mais nisso, encontrou Mariana, e descobriu tudo o que Helena fez nos três anos em que não se viram e como a lembrança daquele beijo infante marcara com uma idéia de carinhos perdidos a adolescência lésbica dela. Foi aí que U pensou realmente no retorno de Helena. Não da forma como Helena imaginava que Mariana pensaria, mas da forma como Mariana imaginaria se ela mesma pensasse sobre o assunto. E ela até pensa, naquela tarde de primavera em que está linda, com os cabelos pretos despenteados e uma camiseta colorida qualquer, em como seria prazeroso transar com Helena se ela não enxergasse tudo preso lá atrás, com o primeiro disco do Darkness e a primeira temporada de The O.C.
setembro 10, 2008
agosto 29, 2008
hot rod funeral
envenenam carros da década de 50.
me falaram toca psychobilly lá, mas era mentira.
tocava marvin gaye.