U morava sozinha em um apartamento de dois quartos sala e cozinha. A fender preta em seu quarto era só uma peça decorativa que acumulava poeira. A mesa de vidro na sala, não. U gostava de cheirar cocaína. Cheirava como se não houvesse amanhã. Transava como se não houvesse amanhã. E quando estava na pista, dançava até o último segundo possível, aproveitando os limites, exatamente como fazia com todo o resto.
Quando acordou naquele dia, com a cabeça doendo, o corpo pesado, a garganta seca, U não se lembrava exatamente como chegara em casa. Na geladeira não havia água gelada mas uma última carreira de pó ainda se exibia sobre a mesa de vidro. U, no fundo, não gostava de cheirar pó. Era muito óbvio. Mesmo assim, cheirou mais uma vez, só pelo esporte.
Um comentário:
pelo esporte.
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