agosto 14, 2006

Os ventos é que me diziam:
- Se te desejo, bem sabes, corres.

Eu, pastor náufrago de estrelas.
E como um louco qualquer
chutando postes e jurando com sangue
por sobre assobios desafinados
afundei o navio e perdi as ovelhas.

Sem mais nada que me prendesse
corri para alcançar o perfume do teu sopro.
E quando pude sentí-lo, só por um segundo
por todos os lados as letras dos teus nomes
alinharam-se às loucuras do meus desejos.

Eros.
Éramos nós, nos campos
nus.

Eu, navegando em um barco de pólen
as velas de pó varando por um não-mar absoluto.
Um infinito oceano às avessas. E nas
mesas de café da manhã nós apressamos os danos
que a distância causaria. Qual ânsia essa nossa.

Os ventos é que me diziam:
- Toma-me o corpo. Toma-me o corpo!

Mas não havia corpo, como não havia barco.
E se havia vento, só o senti na face
como um beijo breve. E nada mais.

Não havia um pulsar que me ligasse à eternidade.
Mas alguns fios de ar me prendiam a você.
Não havia pulso que me ligasse à perfeição.

Que vela seria soprada? Que face, castigada?

Não havia uso que te desligasse do gozo.

3 comentários:

Unknown disse...

Essa eu queria te ver lendo. =D

República da Alegria disse...

novo empreendimento da casa.. entra ae!

Anônimo disse...

tá vendo só?